Ceará quer aproveitar “expertise” da Troller e desenvolver polo automotivo em Horizonte

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Troller, um dos veículos mais emblemáticos da indústria automotiva cearense. Foto: Divulgação

A fábrica da Troller, em Horizonte, encerrou melancolicamente suas atividades em dezembro 2021. A Ford, dona da marca, setembro do mesmo ano, já havia parado a fabricação do emblemático veículo que por anos ficou ligado ao progresso da indústria automobilística do Ceará.

Quase três anos após o apagar das luzes, o Governo do Estado quer transformar a cidade da Região Metropolitana de Fortaleza em um polo de fabricação de veículos.

A mais recente iniciativa foi um decreto assinado pelo governador Elmano de Freitas autorizando a criação de uma poligonal para receber empresas interessadas.

Nesse sentido, deve desenvolver programas de capacitação e treinamento para profissionais do setor em diversos níveis, criar um ambiente favorável para a redução de custos logísticos e de estoque, e melhorar o acompanhamento e avaliação dos fornecedores.

O que pode animar o Estado? As chinesas e seus elétricos.

Veja o caso da BYD na Bahia. A gigante lançou a pedra fundamental para a construção de seu complexo industrial em Camaçari. Anunciou ainda um investimento de R$ 3 bilhões para instalar três linhas de produção diferentes na unidade. Além de carros de passeio elétricos e híbridos, vai produzir caminhões elétricos e chassis para caminhões. E mais: irá processar lítio e fosfato.

A expectativa é iniciar as atividades no fim de 2024 ou no início de 2025. A capacidade é de 150 mil veículos por ano durante a primeira fase de implantação.

As bases de Horizonte 

Horizonte pode se transformar em um polo automobilístico? Nas palavras do ex-secretário do Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, o município já experimenta um crescimento industrial avançado. “Horizonte é um polo industrial dos mais fortes do Ceará, sediando grandes empresas. Há uma migração de mão de obra de Quixadá e Morada Nova para ocupar vagas de trabalho no município”, explica.

Os diferenciais são justamente a mão de obra e a infraestrutura.  A fábrica da Troller serviria como “start” em busca de atrair empresas do setor automotivo. “O desafio é trazer indústrias automotivas modernas, não o modelo convencional que conhecemos. É buscar aquelas mais modernas, que produzam veículos elétricos e híbridos”, afirma.

Maia Júnior ainda da necessidade de não somente atrair as empresas, mas criar mecanismos para a instalação de centros de distribuição. “Um dos grandes problemas do setor de peças é o lead time. No Nordeste, são nove dias até receber o item. No Sudeste, dois dias. É preciso essa aproximação do ponto de vista logístico. Para entender: lead time é o tempo necessário para percorrer todo o ciclo de produção, desde o pedido do cliente até a entrega do produto. 

Outros fatores indiretos que podem contribuir para a formatação de um modelo exitoso são as siderúrgicas no Estado, a construção da refinaria de combustíveis da Noix e a Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE).

Caso Hyger

Em julho de 2022, o Focus noticiou com exclusividade a chegada da empresa ao Ceará. Os planos ambiciosos era produzir ônibus e caminhões movidos a hidrogênio verde.

Chegou a assinar um memorando de entendimento com o Governo do Estado. Em dois anos (2024), o primeiro modelo estaria à disposição do mercado.

Os planos, contudo, não foram para frente. No começo de 2024, alegou que os diálogos foram mantidos, mas as negociações “não avançaram na direção que a empresa esperava, o que justifica a a abertura de conversas também com outros Estados”.

Guepardo cearense

Uma nota de rodapé: mesmo que o Troller seja o caso mais exitoso, ex-engenheiros que trabalhavam na linha de produção do modelo lançaram um off-road. Eles criaram Adventures Off Road. A unidade produz o veículo em Maracanaú.

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