Inflação estoura meta e BC prevê controle só em 2026

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O fato: O Banco Central (BC) foi obrigado a divulgar uma carta aberta nesta quinta-feira (10) após o estouro do teto da meta de inflação no primeiro semestre. Com a implementação do sistema de metas contínuas em 2024, sempre que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapassa os 4,5% por seis meses consecutivos, a autoridade monetária precisa se explicar publicamente. Foi o que aconteceu.

Em junho, o IPCA ficou em 0,24%, mas o acumulado em 12 meses alcançou 5,35%, acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

O que puxou a inflação para cima? Na carta, o BC destacou uma série de choques inesperados de preços que impulsionaram a inflação, sobretudo:

  • Alta acima do previsto da gasolina;
  • Pressão inflacionária em serviços;
  • Aumento dos preços de alimentos industrializados, com destaque para o café;
  • Encarecimento de bens industriais, como vestuário e automóveis;
  • Surpresas negativas em preços administrados, como a energia elétrica residencial, agravada pela crise hídrica.

Esses aumentos foram parcialmente compensados por uma queda nos preços da alimentação no domicílio, mas não o suficiente para impedir o desvio.

Os fatores por trás da inflação fora da meta

Segundo o BC, o desvio de 2,35 pontos percentuais acima do centro da meta foi influenciado por:

  • Inércia inflacionária (0,69 p.p.);
  • Expectativas de inflação (0,58 p.p.);
  • Economia operando acima da capacidade (hiato do produto) – 0,47 p.p.;
  • Inflação importada (0,46 p.p.);
  • Bandeira tarifária de energia elétrica (0,27 p.p.);
  • Outros fatores (-0,12 p.p.).

Inflação só volta ao controle em 2026: Mesmo com a taxa de juros no maior patamar desde 2006, Selic em 15% ao ano, o BC projeta que a inflação deve continuar acima do teto da meta durante quase todo o ano que vem.

A estimativa é que o IPCA acumulado em quatro trimestres siga entre 5,4% e 5,5% em 2025, recuando para 4,9% no fim do ano e só atingindo 4,2% no primeiro trimestre de 2026, voltando a ficar dentro do intervalo de tolerância.

Juros seguem altos por mais tempo: A autoridade monetária reafirmou o compromisso com uma política monetária significativamente contracionista, ou seja, com juros elevados por um período “prolongado”, enquanto as expectativas seguem desancoradas.

O BC deixou claro que pode manter a Selic alta pelo tempo que for necessário para controlar a inflação. Em último caso, não descarta retomar o ciclo de alta caso o cenário piore.

“O Copom enfatizou que segue vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de alta, caso julgue apropriado”, diz a carta.

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