
Equipe Focus
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Uma feita no município alagoano de Maragogi concluiu que a volta às aulas com presença intercalada de estudantes eleva em até 270% o risco de contágio pelo novo coronavírus nas escolas.
O estudo foi feito usando modelos matemáticos em escolas da cidade, que tem 33 mil habitantes, considerando 80 dias de funcionamento.
Os pesquisadores fazem parte do projeto ModCovid19, apoiado pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), da Universidade de São Paulo (USP) e selecionado pelo Instituto Serrapilheira em uma chamada de projetos emergenciais para análise da crise sanitária da covid-19. O estudo foi coordenado por Claudio Struchiner, da Fundação Getulio Vargas (FGV) eda Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Tiago Pereira, da USP São Carlos.
“Se tem uma criança infectada, como as escolas tendem a ser ambientes fechados, há muita dispersão do vírus ali”, diz Tiago Pereira. O pesquisador explica que o protocolo, feito em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), deve ser implementado em Maragogi com o envolvimento da prefeitura. Para chegar aos resultados, a pesquisa usou dados demográficos, socioeconômicos e epidemiológicos de Maragogi e definiu quatro cenários possíveis.
O primeiro cenário é o das escolas fechadas e o segundo, o da reabertura, com turmas e horários reduzidos (turno de duas horas, turmas separadas em dois grupos e aulas presenciais em dias intercalados). No terceiro, haveria reabertura reduzida, com funcionários imunizados, mas mantendo as condições do segundo cenário.
No quarto cenário, a reabertura seria reduzida, com monitoramentos e fechamentos temporários: turno de duas horas, turmas separadas em dois grupos, com aulas presenciais em dias intercalados. Além disso, os estudantes seriam testados e isolados (14 dias), quando sintomáticos, ou quando familiar for confirmado positivo. Se o estudante for confirmado positivo, todo o grupo é suspenso por 14 dias e, se mais de um grupo apresentar alunos com resultado positivo, a escola é fechada por sete dias.
O quarto protocolo foi o que se mostrou mais seguro, com aumento de 18% de casos na comunidade escolar e de 3% na cidade como um todo. “O custo da testagem é relativamente alto – cada teste de antígeno custa em torno de R$ 25 –, porém, o custo de três vezes mais crianças infectadas, não só crianças, mas pais infectados, é muito maior. O teste, na verdade, é barato”, afirma o pesquisador.
Pereira destaca que a imunização entre os profissionais também se mostrou efetiva. “Imunizar os funcionários diminui pela metade a infecção. É muito bom, mas não é suficiente para conter com respeito à escola fechada”, acrescenta.
De acordo com a pesquisa, no terceiro cenário, o contágio pode aumentar em 178% o risco de covid-19 na população escolar.