Efeito pedagógico da disputa de Fortaleza: futebol e campanha política não se misturam

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Por Fábio Campos

Logo após apuradas as urnas e decretado o segundo turno das eleições para a Prefeitura de Fortaleza, André Fernandes, o candidato do PL, lançou no mercado político da Capital um jingle que buscava tirar vantagem eleitoral das paixões pelos dois principais clubes de futebol da cidade a partir da ligação histórica do seu concorrente, Evandro Leitão, com o Ceará Sporting. Além da natureza ignóbil do ponto de vista das boas práticas políticas, uma péssima ideia do ponto de vista do marketing eleitoral.

A letra começava com um erro grosseiro: carimbar Evandro Leitão como um gestor desqualificado quando presidente do Ceará Sporting. “O seu clube não soube administrar, quer fazer com Fortaleza o que fez com o Ceará”, dizia a letra.

Ora, ora… certamente, até a torcida do Fortaleza, incluindo seus gestores anteriores e atuais, sabe muito bem que a gestão de Evandro na presidência do clube havia sido significativamente exitosa. Para muitos, e boa parte da torcida do Ceará acredita nisso, Evandro e seus colegas dirigentes foram responsáveis pela melhor gestão da longa história do clube que nasceu em 1914.

O mais bobo dos marqueteiros entende que qualquer peça publicitária no ambiente político só ganha força e impacta positivamente a favor de um candidato (e negativamente contra o oponente, como era a tentativa) quando dotada de verossimilhança. Coerência com a realidade é qualidade obrigatória nesse campo.

Ao ter abraçado a apelativa e duvidosa peça de marketing político, é sinal de que André Fernandes foi muito mal aconselhado e embarcou numa jogada que, ao fim das contas, pode ter sido uma das responsáveis pela sua derrota. Trocando em miúdos, um gol contra. Afinal, quem gosta de futebol sabe como ninguém que, em jogo decisivo, com partida tão disputada, basta um errinho, só um vacilo por menor que seja, para perder o jogo e o campeonato.

O caso da disputa pela Prefeitura de Fortaleza foi pedagógico: nunca se deve misturar futebol e paixões por clubes com campanhas políticas majoritárias. Quem o faz, muito provavelmente conquistará somente a derrota. São diversos os motivos. Entre os quais, alguns complexos cálculos, misturados a variáveis e subjetividades, que precisam ser feitos. Afinal, há sempre duas imensas e apaixonadas torcidas antagônicas. A maioria, diga-se, entende que futebol é futebol, política é política.

Quem tem o primário bem feito, conhece a terceira lei de Newton: para toda força de ação que é aplicada a um corpo, surge uma força de reação em um corpo diferente. Essa força de reação tem a mesma intensidade da força de ação e atua na mesma direção, mas com sentido oposto. Creiam, é uma lei da física que serve bem à política.

No mais, o desejo de todas as torcidas (incluindo a do Ferrim) e de uma maioria que está se lixando para o futebol, é que, à frente da Prefeitura de Fortaleza a partir de 1º de janeiro de 2025, Evandro Leitão tenha êxito na mesma dimensão que teve como presidente do Ceará Sporting entre 2008 e 2015.

Para não falar de desempenho entre as quatro linhas, acessos e títulos, pegue-se um ponto crucial da gestão de Evandro no futebol que, se implementado na Prefeitura, terá imenso impacto positivo na cidade: modelo de gestão focado em planejamento a curto, médio e longo prazo, a solução de problemas fiscais e trabalhistas de décadas e a organização financeira, que permitiram a profissionalização, ampliação e modernização das estruturas do clube.

Ações tão importantes que acabaram por estimular o maior rival a percorrer o mesmo caminho. O que o fez com grande sucesso.

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