“Não tenho medo. Vou até o fim”, diz prefeita que denunciou esquema de emendas

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Por que importa
Uma denúncia feita pela ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos), revelou um esquema de corrupção envolvendo desvio de emendas parlamentares e colocou o deputado federal Júnior Mano (ex-PL) na mira da Polícia Federal. O caso, revelado em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, expõe uma rede de corrupção com articulação política, manipulação eleitoral e lavagem de dinheiro em prefeituras do Ceará.
O que aconteceu
•Em 25 de setembro de 2024, Rozário ligou para o promotor Jairo Pereira, do Ministério Público do Ceará (MPCE), para relatar o esquema. “Fui com a cara e a coragem, não conversei com ninguém antes”, afirmou à reportagem do Estadão.
•No dia seguinte, a ex-prefeita entregou uma lista de empresários e CNPJs que seriam usados para desviar recursos públicos. Decidiu assinar a denúncia, mesmo podendo mantê-la anônima.
•A investigação cresceu e revelou a suposta ligação do deputado Júnior Mano com Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto do Choró (PSB), prefeito eleito de Choró, acusado de operar o esquema.
Nas entrelinhas
Nos bastidores da política, já se murmurava sobre a desenvoltura de Júnior Mano no trato das emendas destinadas às prefeituras, principalmente na área da saúde. A agilidade com que seus aliados conseguiam aprovar projetos e liberar recursos chamava atenção. Tais movimentações não passavam despercebidas e levantaram suspeitas de irregularidades. O que não se sabia é que as autoridades policiais já estavam investigando.
Como funciona o esquema, segundo a denúncia
•Bebeto, descrito como “o braço direito de Júnior Mano”, abordava prefeitos e oferecia emendas parlamentares em troca de comissões.
•Empresas registradas em nome de “laranjas” venciam licitações direcionadas. Uma delas pertencia a um vigia com salário de R$ 2,4 mil e capital social de R$ 8,5 milhões.
•“Tem um grupo fechado de empresários licitantes dele. Muita gente poderosa”, denunciou Rozário.
Impactos locais
•Rozário afirma que o esquema financiou a campanha de seu adversário, Professor Jardel (PSB), que venceu as eleições em Canindé em 2024. “Ele não tinha dinheiro de maneira nenhuma. Era dinheiro das emendas”, acusou.
•Durante um evento de vaquejada, Bebeto teria ameaçado Rozário. Ela pretende registrar um boletim de ocorrência e pedir proteção judicial.
Declarações
•Rozário Ximenes: “Não tenho medo, eu vou até o fim. Vai cair muita gente.”
•Defesa de Bebeto: Afirmou que seu nome está sendo usado indevidamente e prometeu provar sua inocência.
•Deputado Júnior Mano: Disse estar à disposição das autoridades e afirmou que “sua inocência será plenamente reconhecida.”
Vá mais fundo
•Canindé, cidade de 74 mil habitantes, é conhecida pelo turismo religioso e eventos como a Festa de São Francisco e vaquejadas.
•Rozário, a primeira mulher prefeita da cidade, governou por dois mandatos consecutivos (2017-2024).
•A Polícia Federal pediu que o caso fosse transferido ao STF, devido ao foro privilegiado de Júnior Mano.
O que vem a seguir
•Rozário ainda será ouvida pela Polícia Federal, e o caso pode atingir outras lideranças políticas no Ceará.
•Bebeto, impedido de tomar posse como prefeito, está foragido por suspeita de compra de votos.
•O sigilo das investigações limita informações, mas promete novos desdobramentos.
Nota final
O advogado Saulo Gonçalves Santos, que defende Bebeto, afirmou: “O procedimento está em sigilo, razão pela qual ficamos impossibilitados de dar maiores detalhes sobre os elementos em investigação. Todavia, a defesa provará a inocência do Sr. Bebeto no decorrer da investigação.”

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